segunda-feira, 19 de março de 2018

Jornada Arquetípica

Nos tempos atuais se falarmos da Jornada Arquetípica, nos referimos a muitos Mitos antigos, como a própria história da Humanidade, que nos traz por si só as figuras mitológicas que são eternas. O que faz um Arquétipo ressurgir na atualidade?
O poder do arquétipo é justamente ser o mensageiro de um poder simbólico oculto, e que com a imagem que o representa,  seja um fator de mudança, que nos revele algo e antes de tudo  que nos comunique do Inconsciente Coletivo algo já esquecido por nós. 
Acredito que as mulheres estejam vivendo a Jornada Arquetípica quando estão determinadas a se conhecerem melhor, quando estão decididas a lapidar o seu Ego e trazer à superfície a Mulher Selvagem! Esta essência do Selvagem transpassa culturas, sombras, luzes e figuras mitológicas! 
O Arquétipo quando surge na superfície, através de uma imagem simbólica traz algo muito mais profundo que o próprio significado da forma, das cores, ou traços, pois o Arquétipo é uma força poderosa sem finalidade material. Eu arriscaria dizer, que o Arquétipo é um meio de alcançarmos o Divino! No Arquétipo, que pode ser a imagem de uma Deusa, Deus, fada, Bruxa, ou qualquer imagem veiculada através dos tempos e culturas, é considerado uma Obra de Arte. E se pensamos que o próprio criador cria a imagem, e ele pode interpretá-la como quiser, assim o Arquétipo, da mesma forma que a Arte, sujeita-se na cultura a diversas interpretações. Atravessa a percepção sensorial da visão, e é interpretado primeiramente aos olhos do Ego. Em muitos casos, o arquétipo é interpretado de forma restrita, ou ingênua, e assim, vira esteriótipo;  neste sentido acaba sendo mais limitador que libertador.
 No arquétipo nos libertamos da forma, no esteriótipo nos prendemos a ela!
Eu diria que quando a Mulher se lança na Jornada da Heroína, na Jornada Arquetípica, ela busca a verdade de seu próprio Mito Pessoal! Na Jornada ela encontra as memórias de sua ancestralidade, pois a Estrutura Psíquica, o Ego é moldado pela interação entre Self e Mundo, Organismo e Meio, entre valores externos e impostos que são introjetados pelo Ego já nas primeiras referências de vir-a-ser. Complexo a Jornada? Ela se torna complexa quando por mecanismos egóicos interrompemos o fluxo saudável de irmos ao encontro da nossa verdade, de nossos desejos mais íntimos,e nos perdemos no grande Labirinto dos esteriótipos. 
Quero acreditar que muitas mulheres despertam! Que a Jornada traz heroínas, e que nós todas, indiferentes de idade, cor, fase cíclica, somos heroínas! 
A verdadeira Heroína não quer brilhar e chamar atenção na versão Egóica comum, ela quer brilhar quando contempla suas irmãs felizes, e se torna feliz por ser quem é! Só nos libertando de Sombras também coletivas é que alcançamos a saída do Labirinto. O fio de Ariadne é o nosso coração, o nosso desejo de sermos plenas, e de sermos amadas e desejadas.
A Jornada da Heroína começa quando deixamos de lado tudo o que não nos serve mais, deixamos as velhas referências como roupas que ficaram apertadas,  e matamos simbolicamente o Minotauro: que seria o conteúdo de todas as partes sombrias e dolorosas, de todas as partes do nosso ser que nos pulsionam para a Morte e não para a Vida. Neste sentido, matar o Minotauro muitas vezes é árduo, e necessita de muita coragem durante a Jornada. Quando decidimos deixar morrer todas as referências que nos impedem de crescer como Mulheres Maduras, e nos tornam prisioneiras do Modelo esperado e aceito socialmente, rompemos com esta estrutura,  este percurso interno é a própria Jornada da Heroína, pois é o encontro com a verdadeira Autenticidade. E esta por si só traz o Poder da Heróina a superfície, traz a segurança da Guerreira e este Poder resgatado, emerge a paz de Ser Única!
Jamais siga um esteriótipo, pois ele te levará a ruína!
 Ele te fará ser o que você não é de fato!
Seja você mesma, e faça a sua própria Jornada Arquetípica!

Por que os homens fogem de Compromissos?



Por que os homens fogem de Compromissos?

O Universo Masculino tem sido um Enigma para a Maioria das mulheres, e imagino que assim como uma menina de 15 anos tem dificuldades de captar o funcionamento do comportamento masculino, as mulheres de , 30 e 40 também estão com as mesmas dificuldades. 
O que será que nos distancia da Compreensão plena do Universo Masculino?
O maior medo dos homens tem sido desde que me conheço por Mulher, a tal fobia por "Compromisso", mas o que é assumir um compromisso na cabeça masculina?
Tento achar respostas claras, mas o que surge de imediato é o Medo visceral que percebo em muitos homens. 
Ontem conversando na sala da minha casa, entre mulheres, abordamos este assunto, por que será que os homens fogem do Compromisso?
Será que as mulheres estão mostrando com gentileza, paciência, e perspicácia o quanto pode vir a ser maravilhoso um relacionamento estável, profundo, que com o tempo e convivência soma apenas força e prazer para ambos? 
Estamos nós mulheres, acolhendo este Medo visceral? Ou estamos justamente a cada dia, e a cada frustração também nos contaminando por esta fobia? No consultório, sendo Psicoterapeuta de muitas mulheres, escuto muitas queixas: a questão da vulnerabilidade do feminino, o quanto os homens tendem a escolher a quantidade de relações sexuais, e não a qualidade; as relações efêmeras, que assim como iniciam em um bom flerte, terminam como passe de mágica em dor e desamparo... sem resposta, sem explicação, sem palavras, ou qualquer respeito alheio ao que o outro pode sentir. Sinto muito a dor destas mulheres, e eu como uma quarentona, acabo também sentindo o pavor delas, me toca profundamente a falta de noção do "Cuidado". 
Nossa história revela uma camada profunda de Machismo, construto herdado por um patriarcado que foi sendo perpetuado há séculos, que considera o padrão ou referência masculina, até de Deus, superior ao Feminino, inclusive colocando as antigas religiões da Deusa em segundo plano. Sem contar os séculos que decorreram em que as mulheres eram queimadas vivas na fogueira, tudo para acabar com sua expressão genuína, sua voz e sua sabedoria. Esta estrutura Patriarcal vem se diluindo com o passar das gerações, mas ainda existe e permeia as nossas relações. E acredito que nós, homens e mulheres somos envenenados por esta estrutura, e esta discussão nos relacionamentos, só nos ver ter consciência da emergência na desconstrução deste poder Masculino sobre o Feminino, nasce tudo do mesmo berço.
Temos paciência e respeito ao Universo Masculino? Concluo que também não, o Feminismo ao extremo vêem apenas salientar que as relações são colocadas em sentido vertical, e não horizontal. Não desmerecendo a Força e garra de muitas mulheres em conquistarem seu Espaço, Mas pela Força ou pelo Amor?
Afinal, no momento atual, o Masculino ainda possui raízes machistas e patriarcais, e a maioria dos homens fica à mercê deste medo, quase arcaico, de serem dominados, e a ilusão de que Amar significa perder o controle. Muitas mulheres perdem a paciência, e acabam se comportando de modo agressivo, na mesma moeda, repetem o padrão masculino do uso e descarte, do outro, da sexualidade,  sem compreender ou dar ênfase ao respeito à subjetividade alheia. Não estou fazendo um discurso moralista, não falo de falta de liberdade sexual, ou de uma escolha além da Monogamia, falo de que a liberdade para homens e mulheres consiste antes de tudo, na real libertação desta estrutura, que está na nossa Sombra Coletiva há séculos. 
Eu perguntaria a todas as mulheres: como podemos ajudá-los a enfrentar o medo do Amor? 
Aceitar o processo de Apaixonar-se, de se perder no outro ou de perceber uma falta de controle sobre nossos sentimentos, é dar boas-vindas ao Amor!
Amor não implica prioritariamente estabelecer uma relação com o outro? Não implica em um contato real?  Exige que incondicionalmente estejamos entregues na "relação com", exigindo portanto de nós a entrega total ao prazer. 
Imagino que muitas mulheres aderem ao tal jogo do poder, que são aqueles joguinhos do faz de conta, ou aquelas mensagens expressas de que não nos importamos,  ou de que estamos tranquilas, na ausência de um telefonema após um jantar romântico e uma noite de prazerosa, mentira! O Feminino quer e deseja Cuidado!
Eu acredito que demonstrar aquela indiferença, quando na verdade gostaríamos de ligar e enviar mensagens de saudades e carinho; é ir contra a nossa natureza feminina.  Acho que estes jogos em minha análise, é uma agressão profunda ao nosso Universo Feminino, e de certa forma estamos contribuindo para a rigidez do Universo Masculino. Quando ao contrário, deveríamos acolher, nutrir, e ser apenas um receptáculo de Amor, de Prazer e ser o canal  que conecta ao Vínculo Profundo.
Os homens fogem do Compromisso? 
Sim, para a grande maioria dos homens que não refletem sobre os profundos Mitos e estereótipos masculinos, acabam repetindo o padrão comum... e qual é? Do homem Herói e Guerreiro, o que luta, que conquista e que sente orgulhos se é reconhecido pela conquista. E neste momento, se a mulher não reconhece este estereótipo, ou se deixa ser a presa fácil e conquistada, de nada ele terá prazer de conquistá-la. Muitas mulheres se submetem ao papel frágil, se vitimizam, e se tornam dependentes deste esteriótipo. Outras fingem...Imagino a revolta da maioria de nós mulheres, de termos que fingir em sermos a presa? Parece um conto com final triste!
Como lidar com o Arquétipo do Guerreiro? Em primeiro lugar: não devemos entrar na guerra ou Luta! Ter a certeza de que Amor verdadeiro, não combina com pressão, ou luta de poder! Liberte-se do Medo! Confie em um Masculino Guerreiro, mas com outros aspectos, com o lado luz: que sustenta e protege! 
Segundo Rosa T.B de Araújo, em seu livro: A Mulher no Século XXV - O Resgate da Lilith, pergunta: "...Desafiar a mulher, proibindo, é a característica primeira do homem, desde a Idade da pedra até os dias atuais, com o intuito de manter o poder, e a mulher cai no engodo, de uma forma ou de outra. Quer reprimindo-se temerosa ou obediente, ou quebrando as regras do jogo. Em ambos os casos, ela é ultrajada e o objetivo masculino é alcançado." Por isso, nós temos que dizer não a estes reflexos inconscientes,  e erguer a bandeira da paz!
A maioria dos homens sentem que Relacionamento é sinônimo de prisão,  de que provocará perda de liberdade, até mesmo falta de ar... Por que eles se sentem assim? Se existe esta fobia masculina de prisão, é porque de alguma forma nós mulheres no passado, ou presente, os aprisionaram, simples assim! Fomos cúmplices de algo que não queremos enxergar: buscamos também o controle, e acabamos também tolhendo a liberdade Masculina de ir e vir, a sua força, e sua expressão genuína.  Entendo que este erro foi por Medo e por necessidade de controle. Mas a questão é: estamos nos novos tempos e nenhuma mulher ou homem deseja perder sua liberdade de expressão, a sua liberdade última de Ser.  Então, vamos quebrar juntos este estrutura de Controle?
Voltando a questão da Conquista... vem o tal dilema, temos que nos tornar difíceis para sermos aceitas em um compromisso, em um Relacionamento, namoro ou Casamento? Os homens precisam mesmo achar que as mulheres difíceis, castas, boas moças, estas é que são as escolhidas e ideais para Casar? Quantos valores velhos e ultrapassados ainda trazemos para a vida contemporânea, é quase ridículo todo este drama do Amor. 
Em algum lugar da minha Alma, acredito que o Fenômeno Amor vai além de todas estas estruturas culturais e sociais, vai além deste Arquétipo do Guerreiro e da Donzela que aguarda o Príncipe Encantado. Acredito que o encantamento vêm com o tempo, com o respeito entre dois seres que vão se conhecendo na Luz e na Sombra. O Mito de Eros e Psique traz em si todo o grande processo de entrega, todas as tarefas que o Feminino atravessa para conquistar o Amor - Eros. 
Por que os homens fogem do Compromisso?
Primeiramente nós mulheres estamos estagnadas neste preceito, cultuamos inconscientemente que assim é, e acabamos também reproduzindo este medo coletivo, que Jung profere, em nosso Inconsciente Coletivo.
Então desejo profundamente que nós mulheres sejamos livres do medo da fuga, do medo do abandono, do medo do desprezo, do medo de não agradarmos, do medo de não casarmos, do medo de não termos um companheiro, do medo de não termos filhos... infinitos medos que nasceram de um Medo único, o da rejeição, da falta de amor-próprio, da nossa desvalorização em primeiro lugar! Devemos parar de reagir ao medo deles!
Vamos desconstruir tudo isso juntos? Homens que fogem de compromisso, devem sempre estar se perguntando, do que fogem? Ouso dizer que o medo maior, afinal de contas, é de conhecer a Natureza profunda da Mulher, aquele lado que é a alma instintiva, a mulher que não é domesticada e não pode ser submetida. Devemos ensinar aos homens que pode ser uma alegria imensa dar as mãos à alma selvagem do Feminino. 
O verdadeiro guerreiro arquetípico se funde à alma selvagem e faz o seu coração pulsar, pois na tradição Hindu, Shiva sustenta a Shakti, e assim o Universo se integra. 
Por que os homens fogem destas mulheres? Talvez eles fujam porque negam a sua parte feminina, negam que precisam dela para respirar!
Que aprendamos juntos, homens e mulheres a cultivar o Relacionamento Sagrado, e que o compromisso não seja pelos olhos do Ego, mas pela atração da Alma!!!
Como psicóloga, eu iria: devemos enfrentar as inseguranças, desconstruir os padrões rígidos e culturais de uma sociedade que adoece a cada dia. Vamos a luta! Homens e mulheres que querem a paz de um relacionamento amoroso, saudável... vamos nos dar a mão a este desafio: o Amor!
"Aquele que busca sentir e ver além das aparências da ilusão, só pode encontrar o que busca: A VERDADE". 
(F. Huxley)  
A verdade maior é que somos seres humanos que aspiramos: Amar e sermos Amados. 

Psicóloga Clínica e Gineterapeuta (Cuidado Integral a Mulher): Janaina Leopardi 

segunda-feira, 29 de maio de 2017

No Conto “A Procura da nossa turma: A sensação da integração como uma benção” nos remete às várias histórias de rejeição pelos pais a uma criança diferente das demais. Em muitas histórias familiares, o que geralmente predomina é a aceitação do que é considerado normal, aquilo que é comum nos modelos seguidos culturalmente. Muitas vezes, as crianças são rejeitadas em grupos de colegas, ou até pela família, porque não estão correspondendo às expectativas das pessoas ao redor. Muitas vezes as mães tentam defender os seus filhos e protegê-los dos preconceitos, mas fracassam por não querer serem exiladas da comunidade.  Podemos pensar nas histórias de muitas mulheres que tentam se encaixar em rótulos, em estereótipos, com a possibilidade de se salvar de uma ditadura de ações esperadas. Elas vão se perdendo, e consequentemente se desconectam com elas mesmas e se afastam da força da mulher selvagem, porque tornam-se aquilo que não desejam ser. Por sentirem-se oprimidas, aquelas mães que abandonam o instinto básico de proteção ao seu filho, se tornam mães ambivalentes e prostradas. Pois estas mulheres vão pouco a pouco desistindo de confrontar o mundo, e consequentemente, não defendem mais os filhos.  Estas mães têm medo de serem rejeitadas pela comunidade, e podemos inferir que este medo está inserido no Inconsciente Coletivo contido na psique de todas as nossas antepassadas, que por séculos foram controladas e reprimidas. Elas tiveram que se dividir a nível psíquico: ou optavam por serem aceitas ou eram consideradas estranhas e rebeldes.

Esta questão está por detrás da legitimação do casamento, visto que, por gerações, muitas mulheres acreditaram que seriam salvas ao aceitarem seu papel de esposas e boas mães. Elas foram coniventes com os valores morais de que "o ser humano poderia ser aceito a menos que um homem dissesse o contrário". (Clarissa Pinkola Èstes). Para tantas mulheres que estão dentro de um constructo, ou estereótipo de "prostradas", que significa o instinto selvagem reprimido, sofrem da dicotomia da relação de exigências exteriores e as exigências da alma, pois há uma incerteza quanto ao seu verdadeiro valor.

Mas nada está perdido! No fim do túnel existe uma luz, uma esperança para todas as mulheres perdidas de sua essência. Acredito que o movimento de cura está em levantar-se e sair a procura do lugar a que pertencemos. Muitas mulheres que tiveram mães prostradas não devem repetir este padrão de apatia. Devemos quebrar a rede de neuroses e comportamentos repetitivos. Devemos dar lugar a força da Mulher Selvagem para sermos criativas e autênticas!

Nos antigos rituais de passagem, de bênçãos do útero, do parto, era comum que um grupo de mulheres se reunisse para despertar seus instintos com a presença da Mulher Selvagem.

Sendo assim, quando a mulher era tocada por esta presença, ela se fortalecia e conseguia canalizar seus instintos para a sua prole. As anciãs de muitas tribos e culturas eram as guardiãs desta sabedoria, e passavam as bênçãos de forma natural e espontânea.
Nos nossos tempos modernos, o processo de gestação, do parto e puerpério são muito isolados, acarretando que muitas mães saem dos hospitais solitárias, rumo ao lar em que permanecem durante longos períodos, como mães separadas da sua vida instintiva. Acabam cuidando dos seus filhos de forma automática. Somente despertando a vida instintiva irão despertar uma Mãe Nutridora.

Muitas mulheres vivem no papel de mães-crianças, imaturas quanto a sua maternidade. Se tornam frágeis na educação de seus filhos, pois não possuem uma identidade bem definida e precisam ir em busca do Self perdido. Como no conto, o patinho feio foge desta mãe prostrada, e vai em busca de seus semelhantes. Ele enfrenta várias hostilidades neste percurso, busca lugares onde possa repousar. Como uma síndrome, ele vai batendo de porta em porta,  e sempre é recusado e rejeitado. Deste modo, o patinho feio desperta seu instinto de sobrevivência, e somente nesta condição, consegue superar e ter uma reação ao isolamento. A síndrome do ser diferente faz com que continue buscando amor, mas se colocando em situações de risco e ele encontra uma grande escassez de afeto. Fazendo um paralelo com as mulheres, descobrimos a Síndrome da Vítima, aquela que foi rejeitada e castrada e passa a se comportar a vida inteira neste padrão. Até que alcance a liberdade de ser, com o fio de ligação à Mulher Selvagem!

Muitas mulheres sofrem neste percurso, mas a Cura está no retorno ao amor-próprio, quando realmente conseguem reencontrar o amor, a sua alma, sua essência. Existe o perigo de tropeçar e ficar no comodismo do papel de vítima, mas uma hora a Mulher Selvagem surgirá e a jornada recomeçará!

No final deste conto, o patinho feio é reconhecido pelo grupo de cisnes. Para seguir uma vida instintiva é necessário trazer à consciência as histórias de muitas mulheres exiladas e saber honrá-las! A mulher precisa da liberdade de ser quem é, ela precisa gritar e sacudir o esqueleto! Quando a mulher passa a aceitar a sua beleza selvagem encontra a paz interior. È quando de fato acontece a sua verdadeira integração consigo mesma.

domingo, 28 de maio de 2017

A Fonte das Mulheres

O filme A Fonte das Mulheres apresenta uma história que se passa em uma aldeia situada entre a África e o Oriente Médio, onde as mulheres são responsáveis por buscarem a água utilizada pelas famílias. Para isso, precisam caminhar grandes distâncias embaixo de sol escaldante, mesmo grávidas ou anciãs. Enquanto os homens, que anteriormente defendiam a aldeia nas guerras, ficam em casa, ou no bar da vila, apenas bebendo e jogando. Um dos habitantes do vilarejo fica noivo de Leila, uma francesa que mora há algum tempo na região. A jovem não aceita a tradição e decide pôr fim a isso, começa então a questionar as outras mulheres da tradição antiga. Algumas, como a sua sogra, resiste a mudança, e ela é julgada na vila  e taxada de feiticeira. Após resistência e com apoio de uma das anciãs e benzedeira, Leila exige que os homens passem a buscar água. Por se tratar de uma comunidade extremamente machista, a solução encontrada é fazer “greve de sexo”, o que, entre islamistas radicais, causa muitos problemas. Elas resistem aos preconceitos na vila, e começam a apresentar resistência, com cantigas e danças públicas, e com frases metafóricas como: " Seus corações estão secos e espinhosos como estes galhos" - fazendo os homens repensarem sobre a seca da região.
Leila tem o apoio do marido, mas este em determinado momento se vê pressionado pela aldeia e por outros homens, e quase acaba desistindo de apoiá-la. Mas o amor entre os dois e o respeito, fazem com que o marido acabe também questionando a antiga tradição, e passa a ajudar as mulheres na greve. Solicita a um cientista, visitante na vila, que torne público em um jornal: a estória da vila e quanto tempo as mulheres ainda carregam a água da fonte, sem que os órgãos públicos tomassem suas devidas providências. 
Nesta vila, a facção religiosa demonstra uma grande rigidez de costumes, aliado à um intenso padrão patriarcal, nos quais as escrituras sagradas são deturpadas para beneficiar o poder masculino. 
As mulheres convencem o Guia espiritual local, de que elas devem ser tratadas como iguais, e que precisam de ajuda dos homens para solucionar a seca da região. Surge também a resistência dos homens, nesta mudança, pelo motivo das mulheres deixarem a sua posição de subordinadas. E se a água chegar na vila, as mulheres vão querer eletricidade, máquina de lavar roupa, etc. ou seja, vão sair do doméstico, e não servir apenas aos homens.  Uma solução é exigida, de que os homens reconheçam que devem tratar bem as mulheres, e que devem trazer a água para vila. E que a solução não deve ser uma guerra de gêneros. 
Simbolicamente, no final do filme, um Música é cantada, e temos a declaração final de que a Fonte das Mulheres é o Amor!
Lindíssimo o filme, pois trata de despertar muitas mulheres que ficam no silêncio da submissão, sofrem abusos, abortos, agressões, a começarem a agir para buscar sua dignidade. 
A busca da água, neste contexto, pode significar a busca de um fluxo de emoções, o retorno do poder verdadeiro do amor, a busca de um novo modelo de relacionamento. A greve de sexo no decorrer do filme,  significa para as mulheres em questão, exigir respeito, carinho e prazer. Muitas delas ouvem Leila ler um livro proibido, "As Mil e Uma noites", revelando um caso de romance e paixão. Muitas das mulheres começam a ter consciência dos seus desejos, e conseguem lutar para deixarem de ser um objeto sexual aos seus maridos.
No casal, Leila e Marido, há uma revelação, de que Leila não perdeu a virgindade com ele, no início seu marido parece que irá repudiá-la, mas depois compreende que ela foi vítima da sociedade patriarcal. Foi abandonada por seu noivo prometido, pois os pais dele resolveram esposá-la com uma mulher de família rica e nobre. Surgindo as questões aqui, e que ainda permeiam a nossa cultura, de que a mulher deve se casar, e de que todas as mulheres solteiras ou que já tiveram vários parceiros sexuais, ainda são condenadas prostitutas ou vadias. Nesta aldeia em questão, elas podiam ser repudiadas e expulsas. No simbolismo de nossa atualidade, quantas mulheres são rejeitadas pois são vistas apenas para amantes, e não esposas fiéis?
Enfim, o filme termina com o casal feliz, mantendo uma relação sexual sadia e amorosa.

sábado, 14 de maio de 2016

Cronograma do Centro do Ser


A Mulher dos 40

"A mulher Madura"
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Quando chegamos aos 40 anos geralmente é assustador! Mas a Maturidade psicológica e o emergir do Arquétipo da Velha Sábia no Inconsciente feminino, permite que a mente tome consciência de que a Maturidade lhe proporcionará novas óticas e perspectivas. Os ânimos se acalmam pois não perdemos a juventude, ao contrário, ganhamos muito com a maturidade: segurança, liberdade, mais autonomia e sabemos buscar o prazer! Valores são repensados, a força instintiva é canalizada e a beleza da Loba desperta no brilho dos nossos olhos, a Mulher Loba exala dos nossos poros! Como um novo perfume de mulher madura uivamos para o Mundo! 
Nesta nova fase, enfrentamos todos os medos, tabus, e preconceitos que foram vinculados à velhice e a menopausa; já começamos a ter mudanças nos nossos Ciclos. Mas não se desesperem: a Maturidade nos permite fazer as pazes com o nosso lado saudável, e como na trajetória da Heroína, conseguiremos atravessar os portais dos nossos próprios obstáculos - véus - e despertar para esta nova fase com sabedoria
O tempo que nos sobra será para o cuidado do corpo, da mente e do espírito.
A maturidade é um momento de reformular propósitos, mudar atitudes e pensar nos projetos novos. Nos desapegamos de expectativas sociais e externas, das solicitações familiares, e nosso Ego se rompe! Novos papéis começam a ser desempenhados e abandonamos as máscaras que nos aprisionavam! Somos capazes de abandonar o medo e todas as apreensões quanto ao futuro, tais como:
- preocupação comum sobre o que os outros vão achar de mim; 
- deixar de ser boazinha;  
- abandonar os fantasmas de uma velhice solitária, sem utilidade, sem valor;
Ter medo da velhice é algo que perturba a mente, a confiança e a Auto-estima de muitas mulheres. Principalmente quando a Auto-estima está vinculada somente à beleza e ao amor. Recebemos informações deturpadas e negativas do arquétipo de Afrodite (Deusa Grega do Amor, da Beleza e da Sexualidade). Nos meios de comunicação, a mulher contemporânea é bombardeada de informações de que a Juventude deve ser eterna, e fica muito mobilizada a buscar a beleza atrelada a um único modelo estético. Nos sentimos obrigadas a nos encaixar no molde pré-estabelecido desde a nossa fase de Menina. Após a primeira menarca, a Donzela é educada a crescer e a se desenvolver para atrair e seduzir os homens, não de forma espontânea e genuína, mas criando meios artificiais:  o excesso de maquiagem, pinturas nas unhas e cabelos, roupas e acessórios atraentes.  Ela é ensinada a ser uma "bonequinha", a vestir-se bem e estar sempre bonitinha nos eventos sociais.  
Nos doutrinam a acreditar que devemos dar prazer aos homens, mas a Mulher Madura acorda, pois conhecendo o seu circuito de prazer, sabe que merece ter prazer, tanto erótico quanto por tudo que realiza na vida!  
Muitas vezes a moda também impõe cores, texturas, e formas para satisfazer a imaginação do homem. Imaginemos uma donzela rebelde, que gosta de soltar os cabelos e mostrar as unhas da Mulher Selvagem? (termo usado por Clarissa Pinkola Èstes, em Mulheres que Correm com os Lobos). Esta donzela rebelde não é bem-vista e aceita, e muitas vezes sofre preconceitos, muitas vezes é taxada de puta ou  de bruxa. O que quero apontar é que infelizmente o desabrochar da Donzela esteve por muito tempo vulnerável a esta ditadura da beleza artificial, o que na minha compreensão, se torna uma escravidão. Não quero dizer que não seja importante o auto-cuidado, a satisfação com a auto-imagem, mas que deveríamos ter mais liberdade de expressão! Como seria leve se desde a nossa infância  buscássemos a beleza interior, e que a expressão externa, nossa Auto-imagem fosse um reflexo da nossa alma? 
Talvez seríamos mais seguras com o que somos e não mais com o que temos, e a relação com o corpo se tornaria sagrada. 
 Sem esta consciência do Feminino ferido, chegamos cambaleantes aos quarenta anos, tentando driblar as rugas de expressão, os cabelos brancos, as marcas do tempo em nosso corpo, os hormônios nos modificando, o metabolismo tendo outro ritmo. Percebo que nós mulheres maduras chegamos a uma grande crise de identidade, precisamos nos libertar da "Ditadura da Beleza"; para realmente sermos plenas e felizes. 
A maturidade nos traz certezas e muitas possibilidades novas, mas também traz à tona a dor de escolhas erradas. A maturidade nos coloca frente a frente com o que não se encaixa mais, com as roupas “sujas”e inadequadas. Nesta fase temos o poder de lavar os julgamentos, todas as falsas impressões e todas as distorções sob a nossa auto-imagem. 
Ouvimos muitas lamentações da mulher madura submissa à ditadura da Beleza: a unha está quebrada, meu dente está amarelo, meu cabelo está seco e branco, minha pela tem manchas e rugas... e aí não para mais... E esta insatisfação e repúdio com o corpo atrelados a velhice, temos que superar e deixar para trás! Existe a Morte simbólica de uma roupa que não nos serve mais! Deixe o Ego sucumbir! Liberte-se!
A Maturidade é um marco e pode ser um grito de liberdade! Precisamos olhar o feminino pleno e não machucado. A mulher que deixa de ser apenas um objeto, percebe que com o seu novo brilho é adorada e admirada, assume a sua própria beleza e ganha o Amor-próprio
Encontrar os traços de beleza na mulher madura é uma das pérolas mais lindas no ciclo da vida: se orgulhar da maturidade, da sabedoria, da confiança, da amorosidade,  sexualidade sem pudores, perder a vergonha de buscar o prazer, encontrar o orgasmo pleno, retomar o brilho pessoal e genuíno. Esta é a maior pérola - sermos nós mesmas! 
É verdade que existe o fantasma de uma velhice solitária, nos moldes patriarcais e machistas, que ainda perpetuam eternamente a Afrodite na face feminina. Não nos enganemos, as faces do feminino estão além do brilho de Afrodite! Que sejamos capazes de não nos iludirmos com o medo de não sermos mais boas e belas para os homens; devemos ser livres destas amarras
Que sejamos capazes de não nos corrompermos mais com os valores patriarcais. Não somos objetos! Mas sim, podemos ser as protagonistas das nossas própria vida e escolhas! 
 Que vergonha tenho de também sentir este medo!  Mas devemos aceitar que ele existe e que foi perpetuado por muitas gerações; carregamos da nossa ancestralidade, da  sombra coletiva: o medo do abandono. 
Aceitar a maturidade é saber que seremos capazes de nos cuidarmos sozinhas, capazes de sermos fortes e independentes, e que se confiarmos em nós mesmas, teremos amor e tudo que desejarmos! Podemos ter tudo ao sermos seguras de quem somos!
Como fazer isso? Comece a aceitar a mulher dos 40! 
A mulher que não é mais manipulável, a mulher que já sabe dizer não, a mulher que não é mais vulnerável e que tem seus próprios princípios! Não minta mais para você mesma! Seja honesta com os seus desejos, e aceite que a maturidade é o começo da libertação! 
A mulher Madura é a protagonista da sua vida, assim como nos lendários contos de fadas e mitos; devemos continuar a lutar e a viver mesmo que a bruxa malvada venha atrás de nós para nos ameaçar. 
A mulher madura sabe dizer não à maçã envenenada!
"Viver as mudanças ajuda a reconhecer que somos seres com desejos. Trata-se de um grande desafio, porque as mulheres transitam pela vida a serviço das necessidades dos demais, e assim, tomam como seus os sonhos que não lhes pertencem. Têm dificuldade em saber o que querem realmente". (Marisa Sanabria)
Confio na maturidade dos 40, no Portal de Consciência que se abre, nos desejos que nos sacodem e nos movem a ações mais prazerosas e autênticas. 
Acredito que mesmo com todos os medos eles nos servirão para ganharmos força e motivação, e assim conseguirmos aceitar de fato o processo de envelhecimento, de forma saudável e leve. 
A mulher madura distante da ditadura do olhar masculino,  aprende a cuidar do seu corpo, não mais como um objeto de mercado, submetido a prostituição da imagem, (como dizia Baudelaire), mas possui a consciência de seu templo sagrado: nosso espaço, que respeitaremos com nosso amor-próprio e saberemos colocar limites que sejam verdadeiros à nossa alma instintiva. 
Podemos ser vaidosas e cuidarmos do nosso templo, mas não mais com exigências externas, que nos fazem sucumbir aos padrões patriarcais. Não devemos mais carregar em nosso ventre todos preconceitos e autojulgamentos hostis em relação à nossa autoimagem – isto é profanar o nosso Templo, que é Sagrado.
A Verdade é que devemos aprender a honrar o próprio corpo como templo sagrado, e buscarmos a felicidade e satisfação em nós mesmas, para então saber dosar e dedicar um tempo saudável para a nossa própria beleza. 
E dessa forma, conseguiremos uma abertura a quaisquer movimentos da vida e uma maior fluidez na dança com o próprio corpo.  Seremos as Deusas para nós mesmas!  
Acredito que em nossas próprias curvas e em nossos próprios ossos, podemos ver a beleza de quem somos! Acredite! Supere com alegria a ponte que a conduz da face mãe para a face anciã! O arquétipo da Anciã lhe impulsiona a atravessar para o outro lado do rio - lhe fazendo dar as mãos à Mulher Sábia!

terça-feira, 14 de julho de 2015

Deusa Hera

No Mês de Junho tivemos dois Rituais de purificação com a energia da Grande Deusa Hera! Limpamos as máscaras das sombras de nossas ancestrais e do inconsciente coletivo que nos traziam memórias de dor no casamento: traição, mentiras, desilusões, convenções sociais, obrigações, medo, frustração. Uma máscara mais saudável e feliz de um verdadeiro Casamento Sagrado se revelou! 
E as bençãos da Deusa do Casamento chegou ao coração das mulheres presentes,  revelando a Integridade da Deusa que nos trouxe o Poder Pessoal!
Muitas limpezas dos seus esteriótipos devem ser purificados... Ainda hoje muitas mulheres se sentem confusas com a idéia de um Casamento formal, parece que existe uma Sociedade permeada por uma Obrigação Social que diz que a mulher pura e boa é aquela Boa para Casar! No Entanto, ao vermos tantas possibilidades de Relacionamentos, hetero, homo, bissexuais, ajuntamentos, namoros e compromissos a distância, algo nos desperta para as máscaras do Casamento. O Casamento Formal surgiu de uma necessidade Patriarcal de garantir o seu legado econômico e suas posses aos seus herdeiros. Vemos que Casamento Sagrado não envolve posses, Status Social, conta bancária, festas magníficas... o Verdadeiro casamento sagrado é realizado dentro, com o tempero verdadeiro de Eros: o Amor!
Casamento significa união de Almas afins com um propósito de Felicidade, comunhão e parceria! Será que devemos considerar eras muito antigas, até mesmo da Grécia Antiga, para percebermos lá a existência do Verdadeiro Arquétipo de Hera!
Ela é desprovida do Esteriótipo da Esposa mandona, manipuladora e Ciumenta do Cenário Grego. Zeus teria obrigado o Casamento com Hera, ou seria um fracção mitológica para percebermos que Zeus representa os novos valores patriarcais, que desejam controlar o poder feminino, de modo sutil mas repressor. Casar para os homens tem sido sinônimo também de medo e pânico, talvez pela absurdo repetição no nosso inconsciente coletivo de depararmos com um Zeus manipulador, mulherengo, sedutor, capaz de enganar Deusas e Semi-deusas com seus feitiços e formas animais. Seria o instinto masculino movido apenas pelo arquétipo do Deus do Olimpo? Ou podemos revelar que existem outras faces sagrados do Masculino, e que respeitam a Face feminina por igual.
Não deixemos que a guerra no Olimpo se perpetue até o mundo contemporâneo, basta apenas que as mulheres não se transformem em esposas ciumentas, rivais, vingativas e manipuladoras, e que seus maridos não sejam este fragmento singelo e sombrio de um Deus que quer governar praticando o lema do Barba Azul - sugar a energia feminina, se embriagar de poder vital feminino.
ao contrário deste contexto, no Casamento Sagrado ambos se nutrem conjuntamente, se revelam com o que são na dança entre luz e sombra, e nesta igualdade humana de luz e sombra o amor se revela e se constrói.